Por perpétuo silêncio a Parca dura
Do Luso Orféo à doce melodia,
Já se vê os assombros da harmonia
Clauzurados no horror da Sepultura.
Na destreza feliz, na ideia pura
Do impulso humano as forças excedia,
E invejando-lhe a morte a idolatria
Provar-lhe o culto em lágrimas porfia.
Se deve à Pátria o seu merecimento
Glória imortal em vida transitória
Seja igual à jactância hoje o lamento
Porém de tanta perda na memória,
Aonde irá parar o sentimento
Se serve a pena a proporção da glória.
Soneto presente na “Colecção de Sonetos sérios que se não acham impressos, extraídos dos manuscritos antigos e modernos, com data de 1786”, em depósito na Biblioteca Nacional.
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